Arkhéon não é técnica nem dom. É a resposta silenciosa do universo ao primeiro movimento, anterior ao tempo, à linguagem e ao próprio destino. Antes que a Criação tivesse forma, antes que qualquer deus ousasse nomear o real, havia apenas um sopro — bruto, indivisível, absoluto. Esse sopro, chamado Arkhé, foi selado no instante em que a realidade se estabilizou. Nenhuma entidade jamais voltou a tocá-lo. Ele era puro demais, incompatível com as limitações do existir. Até que nasceu Vortus. Gerado entre forças contraditórias — a centelha de Ohm, a dúvida de Lúcifer e a claridade dos Luminare — Vortus tornou-se, por desígnio ou acidente, compatível com o Arkhé. Seu corpo o amplificava. Sua alma o canalizava. Ele não precisou aprendê-lo: era parte dele. Arkhéon é esse estado desperto. Não é magia, é sintonia. Não é controle, é comunhão com o que antecede todas as leis. Quando desperto, o corpo de Vortus se adapta ao ritmo primordial. Cada gesto reflete a perfeição da origem. Sua força, sua velocidade, sua presença deixam de seguir qualquer escala conhecida. A matéria o reconhece. A realidade se dobra. A manifestação não é apenas física. Com o Arkhéon ativo, Vortus percebe o mundo como vibração pura: intenções, pactos, mentiras e memórias são ondas que ele interpreta sem esforço. Espíritos se silenciam. Encantamentos se desfazem. Mesmo deuses hesitam diante dele — não por poder, mas por reverência. Ele não carrega força. Ele carrega autorização Nesse estado, Vortus pode pronunciar Palavras de Origem. Sons que não descrevem, mas declaram. Se diz “romper”, o vínculo cessa. Se diz “pausar”, o tempo obedece. Essas palavras não pertencem a língua alguma: são vestígios do som antes da linguagem, do gesto antes da forma. No ápice, manifesta sua Forma Brilhante. O corpo torna-se translúcido, delineado por luz viva e sombra invertida. Símbolos antigos emergem espontaneamente sobre sua pele, traços da linguagem anterior à Criação. Não caminha — reverbera. Cada passo deixa ecos. Cada presença desloca o destino. Mas toda origem carrega um custo. Arkhéon exige sacrifício de identidade. A cada uso pleno, fragmentos da humanidade de Vortus se perdem: lembranças, afetos, rostos queridos. Ele se torna mais claro e menos humano. Se recorrer a essa força com frequência, deixará de ser alguém. Tornar-se-á aquilo que existia antes de qualquer coisa: um vetor do Princípio.

Por isso o Arkhéon não atende vaidade, fúria ou desejo. Ele só responde à necessidade absoluta. Quando tudo vacila, quando o mundo não basta, quando o fim ameaça — então o princípio se lembra que existe.

O Selo Ômega é a herança mais rara e temida entre os descendentes de Lúcifer. Criado por Ohm, o próprio Criador, como uma medida de contenção, ele impede que os filhos do Caído manipulem magia de forma natural. Por milênios, o Selo condenou os herdeiros Morningstar a acumular poder sem jamais controlá-lo, transformando-os em bombas vivas de energia reprimida. Tudo mudou com o nascimento de Vortus, fruto de uma linhagem proibida que uniu o sangue divino de Ohm, através de Adão, Salomão e Uther Pendragon, ao sangue ruinoso de Lúcifer. Influenciado desde antes de nascer pelos Luminare, Vortus treinou como monge e arquibruxo, criando um domínio absoluto sobre o próprio chi e a energia cósmica O Selo Ômega, ao encontrá-lo, não conseguiu bloqueá-lo como aos anteriores. Vortus o absorveu e o reescreveu dentro de si. Sua energia mágica, agora comprimida e fundida ao chi, gerou uma nova força: o Chi-Mana-Luz, uma energia híbrida e instável capaz de transformar simples movimentos físicos em catástrofes dimensionais localizadas. Vortus não conjura magia como os demais. Ele encarna conceitos primordiais, canalizando feitiços apenas através de fontes externas: artefatos, pactos ou entidades cósmicas. Cada uso de sua força traz risco de colapso físico, distorções gravitacionais ou até a própria desintegração temporária de sua existência.

Para o multiverso, Vortus não é um homem… é uma ocorrência, um erro cósmico que insiste em respirar. E segundo as profecias esquecidas, o dia em que ele dominar completamente o Selo… será o dia em que o próprio pacto entre Criador e Criação poderá ser reescrito.