Núbia nasceu onde o mundo é feito de vento e silêncio — nas dunas quentes de Hafjkar, entre histórias sussurradas à beira do fogo, ao léu escaldante do sol e a poeira dourada que tudo cobre. Ainda menina, foi arrancada do cenho de sua família e vendida como mercadoria a um nobre distante, na fria e cintilante cidadela de Arthema — um lugar onde máquinas cantavam e as estrelas pareciam obedecer à vontade dos homens.

Lá, ela se tornou assistente de um cientista poderoso aquisitivamente como qualquer outro rato de nariz em pé, prisioneira entre vidro, luz artificial e engrenagens. Mas algo nela — talvez uma centelha da própria areia — entendia o Éter, essa força misteriosa que misturava feitiço e fórmula. Via o que ninguém via, lia o que estava escondido no fluxo invisível da energia. Arcnex.

Seu dom a libertou. E sua mente a levou além: de escrava a artífice, de estrangeira a prodígio. Suas invenções mudaram a infraestrutura da cidade, tornando-a mais eficiente e justa.

Anos depois, com a cidade aos seus pés, urge uma oportunidade, Al-Khalid olha para o sul, onde o deserto ainda a chamava. Então, ela volta não em busca de glória, mas de rostos esquecidos — seus pais — e da terra onde seu nome ainda ecoava entre o vento e o bailar das dunas.