Nos jardins suspensos nos arredores de Azure, onde a neblina dança entre pontes de vidro e flores que sussurram em línguas esquecidas, nasceu Elyra — uma elfa Auragis com olhos que pareciam ouvir mais do que viam.

Filha de um casal de artífices arcanos, cresceu em meio a perfumes de encantamentos sutis, talismãs cintilantes e conversas que tratavam a magia como poesia. Desde muito jovem, Elyra demonstrou uma sensibilidade refinada às emoções alheias — não apenas percebia, mas absorvia, dançava com elas. Era como se o mundo ao seu redor tocasse uma harpa invisível, e ela soubesse ouvir cada nota.

Enquanto outras crianças aprendiam a moldar magia com gestos e grimórios, Elyra descobria que bastava um sorriso no tempo certo, um olhar prolongado, uma presença bem medida. Seus professores no Instituto Fhore chamavam isso de “magia passiva”. Mas os Illumine chamavam de poder verdadeiro.

Aos 70 anos — ainda jovem para sua raça — Elyra começou a explorar mais do que a arte arcana. Foi seduzida pelo brilho dos salões, pelas máscaras douradas das festas nobres, pela política feita com taças de vinho e promessas sussurradas ao pé do ouvido. Ela percebeu que sua magia emocional era perfeita para esse mundo — onde os sentimentos moldavam vontades, e desejos geravam alianças.

Ao completar um século de vida, Elyra deixou os círculos acadêmicos para entrar na sociedade dos Illumine. Lá, seu dom foi lapidado: aprendeu a ser provocação e consolo, espelho e véu. Tornou-se Meretriz — não apenas uma profissional do prazer, mas uma artista da influência. Em suas mãos, o toque era encantamento. Na sua voz, cada palavra carregava uma magia velada.

Hoje, com 120 anos, Elyra é conhecida como a Voz das Sombras.
Não porque fala alto, mas porque é nas sombras das emoções, nas lacunas das palavras e nos silêncios carregados que ela age.
Ela não busca guerras nem glória. Busca experiência, poder sutil, e a eterna dança entre desejo e controle.