As curtas plumagens de coloração esbranquiçada, esbarrava nos trigos abundantes; no qual o dourado evidenciava-se.
Uma figura de idade estava à frente, com suas penas acinzentadas; e estatura alta, aos olhos da pequenina alcançavam até mesmo a abóbada. 
Os pés pisoteavam a terra, em rítmicos saltos.

— Pequenina, está vendo este trigo? O ser em sua frente parou, gesticulando em direção à um grão apodrecido. A desordenada criança assentia positivamente. — Temos que jogar fora, não é? As garrinhas puseram-se na cintura, orgulhosamente. Na qual foi derrubada com o balançar negativo de seu genitor. — Podemos reaproveitar, fazer o ruim, algo bom. As mãos calosas e hábeis, arrancavam a planta. Entregando para a menina.

Ambos caminhavam entre a cidade, sorridentes. 
Um bater de asas ressoava, era a corujinha tentando alçar voo.
Mas era impedida pelos bruscos braços do pai, inseguro, repreendendo-a por sua teimosia. 

Chegando na moradia, um cheiro doce pairava no ar; satisfazendo os narizes e estômagos famintos. 

— Hora de comer, meus amores. Uma figura feminina e de coloração azulada falava, posicionando a filhote na cadeira. O timbre de voz da mãe era acalentadora, aguda; amava ouvir, pois sentia-se segura e amada.
Esfomeada, devorava o mingau; sem pausa para respirar. Deliciando-se.
— Nisso puxou seu pai, hahaha. Todos na cozinha gargalharam.

No decorrer que crescia, era lhe ensinado sobre a vida, os prazeres terrenos e divinos; e as tentações. 

E finalmente, era hora de voar!

— Estique suas asas, assim. A destra do genitor, esticava, demonstrando a posição que deveria estar. Além de inclinar o tronco da adolescente.
Os plumas da êmula eriçavam, com um misto de emoções, imaginando se daria certo. Suas pernas, outrora pequenas, agora altas, percorriam o gramado; correndo.
A estrutura óssea da asa, fazia movimentos circulares, de cima para baixo, conseguindo alçar o voo. 
Era uma sensação sem igual, a brisa suave no rosto, e a emoção de ver a cidadela abaixo de si.

Na adolescência escolheu a vocação de padre, num monastério. 
Era encarregada de entregar as cartas e jornais do monastério, informando os cidadãos.