Mërrì Suspectum é uma jovem de cabelos albinos e olhos hipnotizantes como o crepúsculo, que vive no vasto deserto de Hajfkar com sua bisavó paterna, Suen-Mír, em uma área longínqua da civilização. Em sua pequena casa feita de tijolos alaranjados, telhas de fibras de palha secas e chão de argila do deserto, a jovem compartilha uma vida simples e sem regalia com sua única parente próxima.

Durante sua infância, Meri sempre foi uma garota gentil que apresentou comportamentos estranhos, como falar sozinha e compartilhar mensagens de parentes mortos que desejavam algo para tornar sua passagem o mais harmoniosa possível. Ao perceberem a conexão da menina com a morte, seus familiares decidiram entregá-la à parente mais idosa e sábia da família, sua bisavó, pois eles já sabiam do que aquilo se tratava.

Ao encontrar-se com a neta, sua ancestral a abrigou e ensinou o ofício sacerdotisa ao divino, explicando que, em sua família, de geração em geração, nasciam pessoas destinadas a servir a escória considerada pela família, ou seja, a morte.

Suen-Mír: - Minha querida neta, nossa família não entende a importância da morte e o ciclo natural da vida, então nos taxam como seres amaldiçoados que devem ser expurgados da civilização. Apesar de termos o direito de viver em harmonia social, eles detêm o poder de nos afastar, seja por bem ou por mal. E, como queremos a vida, estamos aqui agora neste vasto deserto apenas com a companhia das areias e das estrelas. 

Ao passar dos anos, sua única amiga e familiar acabou partindo para o outro lado da vida, e a garota se despediu de sua humilde casa com a esperança de retornar para o seio familiar da sua linhagem. Entretanto, ao se encontrar com seus parentes, a jovem foi escorraçada por argumentos e ameaças por trazer o mau presságio daquele sangue tão importante. Alguns meses após sua estadia na civilização, Mërrì teve sua casa invadida por assassinos que carregavam o símbolo da sua família e finalmente pôde entender o que sua bisavó tentou lhe explicar sobre sua solidão forçada. Neste homicídio, a garota foi atingida no coração por uma lâmina prateada que perfurou sua pele e dilacerou suas artérias, fazendo seu sangue jorrar por todo o corpo e tingir seus cabelos brancos com um vermelho carmesim vivo. Após sua pseudo-morte, seu corpo foi largado na escuridão do deserto para ser devorado pelas feras que ocupavam a região. Em sua memória, esta é a última lembrança de sua antiga vida. A garota não sabe explicar como está viva, mas tem a certeza de que algum dia irá se vingar de sua família por ter tirado sua liberdade e por ter matado tantas outras como ela.