Véu da Ruína Costurada
Quando Caelin finca o Fio de Thamud na areia, o vento das Ermas silencia, como se o próprio deserto prendesse a respiração. Veios de luz se acendem sob as dunas, serpentinas de energia trâmica que se erguem como cobras encantadas. Cada fio se enrosca nos tornozelos e pulsos dos inimigos, ligando-os uns aos outros, como marionetes presas ao mesmo tear invisível. Dizem que quem olha para baixo nesse momento vê fragmentos de seus futuros projetados na areia, tremulando como miragens. A dor de um se torna a dor de todos. Cada corte, maldição ou fraqueza se espalha como fogo em palha seca. Aqueles que tentam fugir sentem a Trama se apertar em torno de seus corações, lembrando-os de que não há fuga de um destino costurado pelas Ermas.
Corte do Fado Desfiado
Sob o sol escaldante ou as estrelas frias das dunas, Caelin ergue o Fio como se empunhasse o próprio fio da vida de seu inimigo. Quando desfere o golpe, o ar silva como um pergaminho rasgado. Mas o som real vem de dentro: é o sussurro da Trama se partindo, como se as linhas invisíveis que sustentam o futuro da vítima fossem cortadas uma a uma. Não há sangue de imediato. O corpo hesita, preso entre o que é e o que já não deveria ser. Então a ferida se abre, exalando um calor seco, como se fragmentos de sorte, memórias e possibilidades escapassem para o vento. Nem a mais poderosa magia de cura consegue remendar o que foi desfiado — pois a própria linha do destino foi alterada para sangrar até que Caelin decida selá-la… ou esquecer-se dela.
Deserto dos Fios Eternos
A habilidade suprema, evocada apenas quando Caelin aceita o risco de tornar-se parte inseparável das Tramas. O Fio de Thamud é erguido aos céus, reluzindo como uma agulha que costura céu e terra. O ar treme, carregado de um sussurro antigo — o Canto dos Véus, herdado de Ythalos. Em resposta, o solo se abre em rachaduras cintilantes. Filamentos de luz dourada, vermelha e prateada brotam, rastejando pelas dunas como raízes vivas. Em segundos, um vasto labirinto se forma, envolvendo inimigos e aliados num mosaico pulsante de linhas. Dentro desse domínio, Caelin sente cada batida de coração, cada passo hesitante, cada sopro de dúvida — pois todos estão presos no tapete de destinos que ele mesmo costurou. Para quem ousa atacar, as linhas se torcem, devolvem golpes, desviam lâminas. Para quem tenta fugir, as dunas se erguem em muralhas de areia viva, empurrando-os de volta ao centro. E, quando Caelin assim desejar, o Deserto dos Fios Eternos se fecha como uma tumba de luz e silêncio, devorando tudo que não pertence à sua vontade.