Dizem que Orochibane foi um dos primeiros yokai a transcender a morte não pela negação do fim, mas pela celebração da corrupção. Exilado das montanhas sagradas após devorar sua própria alma em um pacto proibido, ele renasceu como um ser entre o som e o veneno, entre a arte e o horror. Seu instrumento, o shamisen, foi entalhado com madeira retirada de uma árvore morta há milênios, envenenada por deuses esquecidos. As cordas? Trançadas com cabelos de espíritos amaldiçoados que se recusaram a partir. O Shamisen de Orochibane não produz melodias comuns — suas notas não são ouvidas, mas sentidas nos ossos, na língua, nas vísceras. Ele não encanta, não embala.
— HABILIDADES PASSIVAS
Ressonância da Contaminação Elegante
A cada nota emitida, uma leve névoa púrpura dança ao redor do usuário. Essa névoa não intoxica o corpo de imediato, mas a percepção, tornando o ambiente mais turvo para os inimigos, seus sentidos menos confiáveis, e sua confiança, mais frágil. Quem permanece exposto por tempo demais começa a ouvir a música mesmo quando o shamisen se cala, tornando-se presa fácil para ilusões sinestésicas e confusão.
Lamentos de Ouroboros
Enquanto o shamisen estiver ativo, qualquer tentativa de purificação, cura divina ou bênção realizada nas proximidades sofre interferência dissonante. Não é que o som bloqueie a cura — ele a transforma em distorção, revertendo seus efeitos ou alterando suas intenções. A música arrasta até os mais puros para um lugar onde a redenção soa… desonesta.
Sussurros Entre Notas
Ao executar melodias mais sutis, o usuário pode comunicar-se através do shamisen com seres que não compreendem linguagem comum — espíritos, bestas ou mesmo corrupções silenciosas. Eles não obedecem, mas escutam. E, às vezes, escutar é o suficiente para influenciar ações, paralisar intenções ou convocar algo que estava escondido demais para ser invocado por feitiço.
— HABILIDADES ATIVAS
Ato da Lástima Invertida
Ao tocar uma sequência invertida de notas fúnebres, o portador emana uma aura melancólica que transforma dor em prazer, e prazer em ruína. Inimigos atingidos por essa melodia começam a sentir um êxtase venenoso que os embriaga, tornando-os mais suscetíveis a manipulações, feitiços e ilusões. Os que tentam resistir descobrem que o simples silêncio do shamisen os deixa ainda mais vulneráveis. A melodia não obriga… ela seduz à destruição.
Corte Harmônico de Yamakaze
Em um movimento súbito, o portador utiliza o próprio corpo do shamisen como arma, gerando uma rajada sonora em forma de lâmina cortante. Essa rajada não corta carne, mas fere a energia espiritual, desativando encantamentos ativos, expulsando possessões e rompendo pactos frágeis. Aqueles atingidos perdem a conexão com seus próprios dons temporariamente, como se as cordas do shamisen tivessem se enrolado ao redor de suas almas.
Requiem do Corpo Que Não Cai
Tocando a peça final — aquela que nunca deveria ser ouvida — o portador entra em um transe onde seu corpo continua a lutar, dançar e atacar mesmo se cair inconsciente, mesmo se for ferido fatalmente. O shamisen passa a tocar sozinho, como se conduzido por Orochibane em pessoa. Durante alguns instantes, o portador se torna marionete de sua própria maldição, resistindo ao tempo e à dor, enquanto cada passo e nota condena o mundo ao silêncio venenoso de sua arte final.