Shinzoku no Arashi
Ao abrir o leque com um gesto firme e cerimonial, o portador invoca correntes de ar ancestrais que não se veem com os olhos, mas se sentem na alma. Elas dançam entre os corpos e pensamentos dos presentes, como juízes invisíveis, arrancando das mãos a violência contida. O campo se transforma em uma espiral de pétalas etéreas e vento cortante que não fere a carne, mas dilacera a intenção hostil, forçando até mesmo os mais brutais a cessarem sua fúria. Criaturas de energia, magia ou espírito vacilam, perdendo forma ou sendo dispersadas como poeira ao sol nascente. O mundo silencia, como se os próprios deuses escutassem.
Kaze no Utsuroi
Com um giro do leque e um movimento quase imperceptível do pulso, o corpo do portador se dissipa como névoa iluminada pela manhã. Em um instante, ele já não está mais onde estava, e onde reaparece, o ar é cortado por um estrondo seco — como a despedida de um trovão contido. Nenhum obstáculo o impede, pois o vento não conhece muros. O inimigo sente que não luta contra alguém presente, mas contra uma ausência fluida. E se alguém estivesse para morrer, o vento o substituiria, desviando o destino com a leveza de uma folha solta.
Kaze no Shōmei
Ao erguer o leque aberto ao céu e mantê-lo suspenso, o ar ao redor se detém por um segundo eterno. As nuvens giram lentamente, os sussurros do mundo se condensam em um sopro único, e os Quatro Ventos Ancestrais descem. Cada um carrega uma verdade esquecida, uma lembrança enterrada, uma promessa quebrada. Todos os presentes são desnudados, não de roupas, mas de máscaras — ilusões, mentiras e disfarces se dissolvem sem escândalo, apenas com a dignidade do inevitável. Os que lutam por algo sincero sentem a brisa abençoar seus pulmões, e os que vivem em negação são tomados por um peso invisível, como se o vento lhes cobrasse aquilo que jamais foi dito. O leque fecha em seguida, e o mundo continua — transformado.