[NÍVEL I] — Sentir o Fio: No despertar inicial, quem empunha a Fatum experimenta uma mudança nos próprios sentidos: as vozes do mundo tornam-se mais abafadas, enquanto um sussurro constante, como vento passando por teias, revela os fios do destino. Eles se manifestam como linhas tremeluzentes — algumas claras como prata, outras enegrecidas ou corroídas, indicando laços corrompidos ou condenados. Com esse dom, o portador consegue pressentir traições iminentes, mortes mal resolvidas ou doenças que ainda não se manifestaram. Muitos aprendizes descrevem a experiência como uma tortura silenciosa, pois ver os fios é também sentir o peso de cada vida — e entender que tudo, cedo ou tarde, pode ser partido.
[NÍVEL V] — Ruptura do Elo: Com a prática, a tesoura se torna uma extensão da vontade do portador. Com um clique ritual, é possível seccionar vínculos espirituais sutis: pactos quebrados, maldições herdadas, influências de possessões fracas ou laços tóxicos entre pessoas. Cada corte, no entanto, liberta mais do que energia: fragmentos de sonhos, recordações e ressentimentos escapam, flutuando na mente do usuário como ecos de vidas que não são suas. O portador da Fatum passa a ter pesadelos estranhos, onde revê fragmentos desses destinos partidos — lembranças que podem confundir sua própria história.
[NÍVEL X] — Emenda do Destino: A Fatum, agora viva sob a vontade do portador, pode costurar aquilo que foi separado. Dois fios — dois destinos, duas memórias, duas promessas — podem ser unidos em uma linha única, criando laços impossíveis de desfazer por meios comuns. Essa habilidade pode restaurar vínculos familiares despedaçados, selar promessas de sangue ou amarrar para sempre um traidor à sua dívida. Mas toda emenda carrega uma anomalia: algo se perde no alinhavo — um fragmento de memória, um detalhe que jamais se encaixa perfeitamente — criando zonas de fragilidade na Teca Primordial que, mais cedo ou mais tarde, podem sangrar para o mundo real.
[NÍVEL XV] — Quebra do Véu: Neste nível, o portador aprende a usar a lâmina de Fatum como uma chave. Com movimentos circulares, pode rasgar não apenas fios, mas véus inteiros que ocultam verdades profundas. Segredos ancestrais, pactos inquebrantáveis e mentiras costuradas por magias arcanas se tornam visíveis — expostos como feridas abertas na tapeçaria do destino.
Abrir um Véu, no entanto, atrai o olhar dos Vigilantes do Tear, entidades silenciosas que patrulham o Tecer Primordial. Esses seres não toleram quem revela demais: se provocados, marcam o portador, perseguindo-o nos sonhos, nos reflexos e até no último suspiro.
[NÍVEL XX] — Ruptura Absoluta: No auge, quem domina a Fatum torna-se uma lenda viva — um espectro de tesouras. A Ruptura Absoluta é o corte que desfaz uma existência inteira: com um único gesto, o portador pode apagar uma criatura da corrente do tempo, como se jamais tivesse respirado, amado ou odiado. Esse ato pode libertar um reino de uma tirania milenar, silenciar uma linhagem maldita ou conceder misericórdia a uma alma aprisionada em sofrimento eterno. Mas cada Ruptura Absoluta fratura o próprio fio do portador: fragmentos de sua identidade escorrem para dentro das lâminas, fundindo-se ao coro de sussurros que já habitam a Fatum. Reza a lenda que aqueles que usam a Ruptura Absoluta mais de uma vez tornam-se fantasmas da própria Tesoura — condenados a vaguear pela Teca Primordial, reparando fios que jamais poderão chamar de seus.